Zaporizhia. "Grandes problemas" para resolver antes de reativar a maior central nuclear da Europa
A Rússia ocupou a central nuclear de Zaporizhia, mas não é seguro tentar reativá-la. O alerta é do presidente executivo da Energoatom, que adverte para "grandes problemas" por resolver.
"As nossas unidades estão ociosas há muito tempo. Antes do lançamento, teremos que realizar um grande conjunto de trabalhos para inspecionar o equipamento, fazer reparações, confirmar a operabilidade e a prontidão da unidade para operação”, afirmou à comunicação social Yuriy Chernichuk.
Ainda segundo o diretor da central nuclear, está a ser considerada a “opção mais realista é lançar primeiro as unidades 2 e 6, cujas zonas ativas são carregadas com combustível de fabricação russa”.
“Todas elas foram paradas em setembro de 2022 e, desde então, nenhuma delas operou no modo de geração de energia".
A Energoatom da Ucrânia considera que reiniciar as unidades é uma violação dos padrões de segurança nuclear e de radiação.
Numa entrevista ao Guardian, Petro Kotin afirmou que se a Ucrânia recuperasse o controlo total da central nuclear levaria até dois anos para a reativar em segurança. Por isso, duvida que seja seguro que as autoridades russas que assumem o controlo de Zaporizhzhia reiniciem as operações em breve.
O CEO da Energoatom aponta “grandes problemas” por resolver, incluindo água de refrigeração insuficiente, recursos humanos e fornecimento de eletricidade de entrada, antes de se poder gerar energia novamente com segurança.
A central ucraniana de Zaporizhia é o maior reator nuclear da Europa e, por esse motivo, um importante aspeto para eventuais negociações que ponham termo à guerra na Ucrânia. Tomada por Moscovo em 2022 e encerrada por razões de segurança, esta central continua a integrar a linha da frente do conflito, perto do rio Dnipro.
A Rússia pretende manter o complexo e reativá-lo, ainda sem especificar quando. Alexey Likhachev, chefe da operadora nuclear russa Rosatom, tinha dito já em fevereiro que a central seria reiniciada quando “as condições militares e políticas permitissem”. Também Donald Trump manifestou interesse em assumir o controlo da central, embora essa possibilidade seja considerada muito remota.
Já Kotin disse que a Energoatom estava preparada para reiniciar a central, mas isso exigiria que as forças russas fossem removidas e o local fosse desminado e desmilitarizado.
Segundo o CEO da empresa ucraniana, o reinício das operações pelas forças da Ucrânia levaria “de dois meses a dois anos” num ambiente “sem nenhuma ameaça militar”, enquanto que um reinício russo durante a guerra “seria impossível, mesmo para uma unidade”. O responsável adiantou ainda que os seis reatores só podiam ser colocados em operação após a conclusão de 27 programas de segurança acordados com o regulador nuclear de Kiev, incluindo testes de combustível nuclear nos núcleos dos reatores.
Isto levanta questões sobre a segurança do reinicio das operações pelas autoridades russas, mesmo após um cessar-fogo. Kotin recordou que a central já era pouco segura antes considerando que era usada como “base militar com veículos militares presentes” e que havia “provavelmente algumas armas e materiais de detonação”.